Juntas, as quatro nações ricas em florestas responderam por cerca de 80% do desmatamento tropical causado por operações de mineração em grande escala entre 2000 e 2019, de acordo com o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Embora pelo menos 70% do desmatamento seja feito para limpar a terra para a agricultura, os cientistas observaram que a mineração industrial é uma preocupação emergente devido ao crescente apetite global por minerais usados em tecnologias de energia limpa para combater as mudanças climáticas.
“A transição energética exigirá grandes quantidades de minerais – cobre, lítio, cobalto – para tecnologias descarbonizadas”, disse o coautor Anthony Bebbington, geógrafo da Clark University, em Massachusetts.
“Precisamos de mais ferramentas de planejamento de governos e empresas para mitigar os impactos da mineração na perda florestal”.
Para o estudo, os pesquisadores estudaram imagens de satélite globais e dados de rastreamento de perda florestal, juntamente com informações de localização para operações de mineração em escala industrial das últimas duas décadas. O estudo não mediu os impactos da mineração artesanal e de pequena escala, o que também pode ser desafiador, pois a poluição não é regulamentada.
No geral, havia 26 países responsáveis pela maior parte do desmatamento tropical do mundo desde 2000.
Mas em torno dos locais de mineração industrial, os quatro países dominaram. As maiores perdas ocorreram na Indonésia, onde as minas de carvão na ilha de Bornéu se expandiram para atender à demanda por combustível da China e da Índia.
Gana e Suriname também apresentaram altas taxas de desmatamento em torno de minas de ouro e bauxita que fornecem material usado em alumínio e outros produtos. No Brasil, a extração de ouro e minério de ferro alimentou o desmatamento da mineração.
As operações de mineração geralmente desmatam florestas para abrir espaço para expandir os locais de extração e as instalações de armazenamento de rejeitos, bem como para construir estradas de acesso e assentamentos para os mineradores.
As atividades de construção e desenvolvimento de rodovias muitas vezes não são incluídas nas avaliações de impacto ambiental, realizadas antes da aprovação de uma mina, disse a engenheira ambiental Juliana Siqueira-Gay, do Instituto Escolhas, uma organização sem fins lucrativos de sustentabilidade no Brasil, que não participou do estudo.