UMA Marco Polo (POMO4) anunciou nesta quarta-feira a primeira entrega de vagões para veículos leves sobre trilhos (VLT), ampliando o compromisso da icônica carroceria do setor ferroviário com a diversificação de receitas.
As duas unidades entregues a um operador turismo na Serra Gaúcha são os primeiros da Marcopolo Ferrovias, unidade do setor ferroviário que a Marcopolo lançou no ano passado para atuar nos segmentos de VLT e rodovias modais.
Mas a expectativa da empresa é começar a receber pedidos dos municípios a partir de 2021, inicialmente com uma maior oferta de equipamentos de reposição e modernização, à medida que se prepara para a expansão desses modais por todo o país.
Estudo da ANPTrilhos, entidade que representa o setor metroferroviário, indica que o transporte ferroviário de passageiros está presente em apenas 13 das 63 regiões metropolitanas do país, considerando áreas de médio e grande porte.
E apesar de atender a mais de 11 milhões de passageiros por dia, ainda tem capacidade abaixo da demanda.
A expectativa da Marcopolo é que nos próximos dois a oito anos haverá demanda por equipamentos e serviços para a reforma de 5 mil quilômetros de ferrovias e 800 vagões de passageiros nos próximos dois a oito anos, somente no Brasil.
“Identificamos uma lacuna, a necessidade de produção regional de VLT para atender necessidades específicas no Brasil e também na América Latina”, disse à Reuters Petras Amaral, CEO da Marcopolo Next, que inclui a Marcopolo Rail.
Com a aprovação gradativa das políticas nacionais e regionais de incentivo à adoção do transporte ferroviário urbano, a Marcopolo acredita que a demanda por soluções nacionais para o setor também deve crescer, para repor pelo menos parte da oferta, em grande parte importada.
Nesse sentido, a empresa já vem desenvolvendo alianças, como a que fez com a também gaúcha fabricante de implementos rodoviários.
“Nossas equipes devem ter cerca de 80% do conteúdo de origem nacional”, disse Amaral.
A versão urbana dos carros VLT produzidos pela empresa tem capacidade para até 760 passageiros, enquanto o transporte interurbano é de 280, divididos em 4 carros.
Sem falar no valor do investimento na nova divisão, a Marcopolo diz que já está conversando com clientes em todo o mundo. América Latina, incluindo o México, e que espera receber alguns pedidos menores a partir de 2021.
“Temos a vantagem de entender melhor as necessidades locais e ter uma alta capacidade de customização”, disse Amaral.
O movimento surge como resultado de uma crise no setor de transporte público no Brasil, depois que medidas de isolamento social reduziram o volume de passageiros no transporte público para aproximadamente metade do que era antes da pandemia do COVID-19, o que também levou empresas do setor a cancelar novos pedidos de ônibus.
A Marcopolo acusou esse movimento, com sua ação listada no B3 acumulando uma perda de cerca de um terço do valor em 2020, enquanto o Ibovespa já voltou ao azul no acumulado do ano.
No acumulado deste ano ao final de novembro, as vendas de ônibus novos no Brasil registraram queda de 33% em relação ao ano anterior, para 12,8 mil unidades, segundo dados da associação dos fabricantes de automóveis, Anfavea.