Plataformas de mídia social reprimem notícias falsas antes das eleições no Brasil

As plataformas de mídia social dizem que lançaram um esforço para reprimir notícias falsas e desinformação no Brasil antes de uma eleição de outubro que muitos esperam ser turbulenta.

As notícias falsas provaram ser uma ferramenta política poderosa no maior país da América Latina e foram usadas com efeito dramático na eleição de 2018 do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

Apanhados então, as plataformas de propriedade da Meta, juntamente com o tribunal eleitoral do país, implementaram desde então novas tecnologias para detectar e reprimir a disseminação de desinformação, bem como procedimentos simplificados para funcionários e juízes colocarem conteúdo offline, de acordo com a empresa.

Até o Telegram, que a Suprema Corte ordenou a suspensão temporária em março por abrigar informações erradas, assinou um acordo com autoridades eleitorais para desenvolver ferramentas para sinalizar notícias falsas e um chatbot de IA para responder a perguntas sobre a eleição.

O aplicativo de mensagens, que permite aos usuários transmitir mensagens para milhões de seguidores, tem sido um dos favoritos recentes de Bolsonaro, que mudou para a plataforma depois que o WhatsApp começou a limitar a quantidade de conteúdo que poderia ser compartilhado.

“Aprendemos muito com 2018 e estamos fazendo muito mais do que então. Agora estamos em um lugar muito melhor”, disse Dario Durigan, chefe de políticas públicas do WhatsApp no ​​Brasil.

“Estamos fazendo um esforço sem precedentes. Esta é, de longe, a eleição presidencial mais importante que teremos este ano.”

Interromper o fluxo de desinformação é particularmente importante este ano, pois Bolsonaro fez um grande esforço para colocar em dúvida a integridade da eleição, particularmente o sistema de votação do país. Ecoando o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ele afirmou repetidamente que as urnas eletrônicas do país são vulneráveis ​​a fraudes, sem oferecer nenhuma prova.

Muitos temem que o ex-capitão do Exército não aceite o resultado se perder, e o chefe do Tribunal Superior Eleitoral alertou recentemente que o Brasil pode enfrentar um evento semelhante à tomada do Capitólio dos Estados Unidos em 2021.

“A democracia está ameaçada. A justiça eleitoral está sob ataque”, disse Edson Fachin.

Usado por 120 milhões de brasileiros, o WhatsApp faz parte do cotidiano do país latino-americano e teve um papel central nas eleições de 2018. Mas também foi amplamente abusado. Notícias fabricadas e histórias difamatórias foram espalhadas pela plataforma, enquanto grupos de interesse secretos que apoiavam Bolsonaro bombardeavam usuários com mensagens em massa, que desde então foram consideradas ilegais pelo tribunal eleitoral.

Durigan disse que o WhatsApp resolveu isso usando a IA para rastrear padrões de mensagens suspeitos enquanto bloqueava imediatamente as contas usadas para enviar conteúdo em massa. Além disso, disse ele, o aplicativo fez um grande esforço para limitar a extensão em que as mensagens podem se tornar virais ao introduzir “atrito”.

“Em 2018, um usuário podia encaminhar uma mensagem para 20 contatos de uma só vez. Em 2019, foi reduzido para cinco. Em 2020, uma mensagem encaminhada mais de cinco vezes é rotulada como Freqüentemente encaminhada e só pode ser encaminhada uma vez. Agora, em 2022, qualquer mensagem que tenha sido encaminhada uma vez só poderá ser encaminhada para cinco contatos ou um grupo”, acrescentou.

“O WhatsApp bane 8 milhões de contas em todo o mundo por mês. Você tem que ser um ser humano usando organicamente, caso contrário você está banido.”

A empresa também disse que não lançará seu novo recurso de comunidades, que permite que administradores de grupos de bate-papo transmitam mensagens para milhares de membros, no Brasil até depois da eleição, uma decisão que Durigan disse ter sido tomada “considerando o contexto”.

Enquanto isso, as plataformas irmãs Facebook e Instagram dizem que começaram a anexar tags a postagens relacionadas a eleições que vinculam os usuários ao site do tribunal eleitoral e aos recursos de verificação de fatos. Os grupos dizem que também estão executando programas em todo o país para treinar funcionários eleitorais sobre como remover conteúdo malicioso ou falso.

“Desde 2018, fizemos grandes melhorias e investimentos em parcerias e identificação de conteúdo e garantindo a redução do alcance de conteúdo negativo. Acelerar nossa resposta é o objetivo principal”, disse Debs Delbart, gerente de programa da equipe de resposta estratégica da Meta.

Delbart acrescentou que a Meta também procurou aumentar a transparência dos anúncios criando um processo para verificar a identificação dos compradores e adicionando isenções de responsabilidade para mostrar quem é o responsável pelo pagamento. A informação é então disponibilizada ao público.

“Agora estamos expandindo [beyond politics] as questões em que exigimos esse nível de transparência, incluindo direitos humanos, economia e saúde. Se você deseja publicar anúncios sobre questões políticas ou sociais no Brasil, você deve estar no Brasil. Você não pode ser [outside the country].”

Os críticos dizem, no entanto, que as próprias plataformas precisam ser mais transparentes se forem honestas sobre como enfrentar a epidemia de notícias falsas no Brasil.

“Alguns de [the developments] São mudanças bem-vindas, como mais transparência na compra de anúncios, mas algumas delas são coisas que já estavam em vigor ou são apenas movimentos de relações públicas”, disse Patricia Campos Mello, pesquisadora da Universidade de Columbia.

“Por exemplo, a marcação de informações eleitorais: não sabemos quão bem funciona e quão eficaz é a moderação em português, pois não há transparência em revelar quantas postagens foram marcadas e quantas pessoas as alcançaram antes de serem marcadas. foram publicados. eles foram marcados.”

Os esforços das plataformas de mídia social também foram ofuscados em parte por uma disputa sobre a legislação anti-fake news atualmente no Congresso.

Após a disseminação desenfreada de desinformação nas eleições de 2018, os legisladores procuraram liberar regulamentos que, entre outras coisas, criariam requisitos rígidos de moderação e transparência, bem como uma base para pagar produtores de notícias por conteúdo.

Bolsonaro se opôs ferozmente à legislação, que é frequentemente usada por apoiadores de notícias falsas, mas também por grupos de tecnologia como Meta e Google. A equipe do Meta diz que o projeto “mudaria fundamentalmente a maneira como a Internet funciona” e prejudicaria as pequenas empresas que anunciam online.

Pesquisadores de mídia social, no entanto, disseram que a legislação exigiria que as plataformas divulgassem mais informações sobre seu público-alvo de anúncios e que os grupos de tecnologia não estavam confortáveis ​​com isso.

“Quanto menos moderação obrigatória, melhor para eles”, disse Campos Mello. “Eles querem seguir suas próprias regras eleitorais e cívicas, em vez de seguir as regras dos funcionários, porque assim não podem ser responsabilizados.”

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